Face verdadeira
Fui ao paraíso.
Aterrizei no inferno em menos de 4 dias.
Se isso aqui é o purgatório? Realmente não é tão difícil de responder quando se olha em volta.
Volta e meia damos e as mesmas coisas acontecem, se repetem, se aglomeram...
Volta e meia damos e as mesmas coisas acontecem, se repetem, se aglomeram...
E, quando menos esperamos, confirmamos os nossos piores pesadelos.
As feridas do sistema são tão perceptíveis quando, por apenas 5 segundos, você consegue se despregar dele e, com olhos de lince, entender o que verdadeiramente importa.
Os nossos vícios, que muitos acreditam estar impregnados em ansiolíticos, anfetaminas e estimulantes, são, em verdade, as melhores mentiras que não conseguimos contar nem para aquilo que chamamos de nossos espelhos - nos quais não conseguimos enxergar nem a nós mesmos. Eles são, eu sei! Aquela casa dos espelhos dum circo que nos distorcem ou nos mostram que somos vários e nunca um só. E são ainda a comparação com o seu outro, ou seu inferno, a constatação da fúria de não conseguir ser quem eles querem, mandam, ordenam e vendem.
E como acabar com isso? Quem será o herói da vez?
...
Quantos anos se passaram e é realmente muito impressionante constatar que os cinco palmos delas ainda (e até quando?!) sejam os verdadeiros mandamentos sociais.
Aviso aos navegantes: meu Brasil é lá, naquele locus: o céu de pedras.
Sei que o agora nunca será alcançado destas maneiras aplicadas e erroneamente almejadas.
Estou fora, é fato.
Estou fora, é fato.
Quem quiser que fique e me conte o final...
2 Comentários:
Emily,
Seu blog, sobre ser bem escrito e bem dito nas coisas e sensações, é um pouco 'dark' demais, não acha?
Comentando a bela experiência audiovisual de Davi e Emilly:
Experiência em linguagem audiovisual, que se traduz na tentativa de produzir sentidos por meio de uma dada situação criada, Doido tem, em primeiro lugar, um valor plástico com a utilização do preto e do branco como elementos da expressão. A fotografia se incorpora à escrita do filme e age como se fosse um personagem na produção dos sentidos. Diria que se incorpora à estrutura da obra, mas uma incorporação que se faz como um código significante. O contraste do preto e do branco pode determinar, com certa justeza, a impressão de expressionismo no estabelecimento do choque das matrizes. Assim, se a personagem está vestida de preto, e vestida para matar o boneco, queimando-o, tal qual uma feiticeira do Salem, no final, consumado o ato querido, surge lépida, fagueira, e vestida de branco, destituída, pela mobilidade e altivez do andar, da demência inicial.
Há a utilização de uma outra experimentação da linguagem, quando é estabelecida a projeção do desejo, quando, antes de o boneco se consumir em chamas, uma ou mais tomadas já o mostram sendo queimado, o que se constitui, em termos de linguagem cinematográfica, do uso adequado da figura da projeção do desejo. Mas, apesar desse desejo configurado, quando a personagem se aproxima da fogueira, põe primeiro a liquidar papéis avulsos e fica renitente quanto a jogar o seu boneco (filho?) no fogo da destruição.
Está-se, aqui, em Doido, diante de dois planos: o plano da narrativa e o plano da fábula, mas é o primeiro que se estabelece em detrimento do segundo. Como se poderia resumir a fábula de Doido, se é que ela existe? Uma mulher, com características demenciais, que podem ser constatadas pelos seus olhos revirados, seu andar, com um boneco nos braços, a vagar pelas areias de uma praia deserta, encontra uma fogueira e decide, nela, queimar alguns papéis e jogar o boneco, que se destrói pelas chamas. Feito isto, caminha com desenvoltura pela praia, como se livre de um fardo. Freud talvez pudesse explicar melhor o gesto da heroína.
Indiscutivelmente, Doido se faz como experiência e o resultado é plástico e eficiente naquilo que se propõe.
Postar um comentário
<< Home