domingo, maio 20, 2007

Um pouco de publicidade...

Texto referente ao comercial da Sprite, as coisas como são. Assitir pelo link: http://www.youtube.com/watch?v=0qIEmF1W4fw

No começo do Spot, o locutor enaltece a sua marca/produto ao dizer que "Ver alguém beber dá sede", vinculando diretamente o ato de 'beber' ao refrigerante - a peça que distingue o consumidor e é mantenedora da cobiça alheia. Porque digo isso? Pelo fato de, a meu ver, o interlocutor deixar subtendido que o receptor/público seja um alguém dotado de inveja, ou que o sentimento de um se exprime bem na instância que se percebe no outro a detenção de bens ou produtos não possuídos por este um. Em outras palavras “o inferno é o outro”, daí nasce a inveja. Daniel Bougnoux abordou muito eficientemente a problemática do outro no seu texto “Publicidade, um novo espaço público?”, fato que reforça (segundo meu ponto de vista) a não ingenuidade da fala do interlocutor quando ele afirma que as pessoas são invejosas e que, por este motivo, a publicidade trabalha de maneira a abranger o outro para obter você além de tentar atingir vocês para abocanhar os tantos outros. Apostando nessa assertiva, o locutor perturba a face do receptor (sutilmente). Para não causar o boicote do produto por esta eventual agressão a face, a publicidade (o interlocutor) trata de usar a sua auto-imagem de “feiticeira do produto” (“quanto mais você se refresca mais aumenta a sede dos outros. E a publicidade sabendo disso faz o quê? Tira proveito, né?”) para amenizar a perturbação inicial que causara na face do receptor. Não vejo, portanto, nenhum indício de que a face do locutor tenha sido manchada, pois o argumento de que a publicidade está “tirando proveito” da sede (leia-se inveja) alheia não é novidade nenhuma para o consumidor e, além disso, o spot já se propõe “verdadeiro” (Sprite, as coisas como são) desde seu primeiro segundo, fato que – junto à ironia das imagens e o tom debochado da narração – deixa (ou pode deixar) tanto o locutor quando o receptor isentor de constrangimentos à face.
Por Emilly Dias

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