Considerações acadêmicas n°359
O impulso da sociedade desfigurada, pré, pós e moderna centra-se em várias atitudes que desencadeiam o consumo. Esta é uma das bases que o escritor e diretor italiano Erik Gandini usará no desenrolar do seu documentário que contempla 52 minutos de críticas, montagens desenfreadas, como o ritmo e compasso de cada segmento dos dias um pouco a frente do Modern Times, e trilha sonora excitante. Surplus começa sua descarga de acidez sobre a situação do todo contemporâneo, mostrando imagens dum sempre sorridente W. Bush e, em antítese, as cenas das manifestações antiludistas, revolucionárias, violentas e utópica que ocorreram em Gênova no ano de 2001. Concomitantes, ouvimos uma narração, em espanhol, que faz um encadeamento de tudo o que foi posto em detrimento, principalmente pelos países centrais, em nome do vigor da tecnologia corrosiva. “Um mundo melhor é possível,” como um sussurro ouve-se a frase junto aos sons de explosões e resquícios de uma passeata em meio ao desajuste final. Como disseram sapiamente Adorno e Horkheimer na sua obra “Dialética do Iluminismo”: “o progresso econômico, científico e tecnológico não pode ser separado da criação de novas sujeições e, portanto, do aparecimento de uma série de patologias culturais (adiciono políticas, natuarais e também econômicas) que vitimam amplas camadas da sociedade”.
A tese ou síntese dos escritores Martin-Barbero e Orozco (que em muito se complementam) irão focar os des(territorialismo, enraizamento, temporalização, identificação) trazidos pela nova conjuntra tecnocêntrica.
Martín-Barbero, em Tecnicidades, Identidades, Alteridades: mudanças e opacidades da comunicação no novo século, como um bom herdeiro de análises (atualizadas) frankfurtianas, traz vários contrapontos da era da globalização que estão metaforizados no atentado de 11 de setembro e no Fórum Social mundial, ocorrido em Porto Alegre. A discussão circunda: 1- nas práticas comunicacionais, que de um lado são sufocadas pelo medo e pelo estupro maior das liberdades e direitos civis (desencadeados pelo fatídico 11/09) e por outro lado é proposta e discutida no Fórum, como “lugar de dupla perversão e oportunidade”; 2- em como a digitalização põe em questão as instituições tradicionais de ensino e a “hegemonia racional dos dualismos”; 3- na configuração das redes como novo espaço público e de cidadania. Todos esses três tópicos irão desembocar na revitalização das identidades e na revolução das tecnicidades, fatores que propiciarão respectivamente o questionamento generalizado sobre: os valores intrínsecos da identidade, agora desprotegida da Igreja, Estado e Escola; e da configuração dos novos consumos, novas produções, etc.
Trazendo novamente à tona Excesso, sua mensagem, embora extremamente válida, não se atenta às remodelações (que envolvem os âmbitos simbólicos, econômicos e (a)político) trazidas por Martín-Barbero. Digo isso porque não se pode negar(?) as contradições que rondam o termo e o viver glocal. O homem se desmembra, conhece, se expande, como também destrói em massa, morre de fome, ignora, se entope da fantasia real, é frívolo, além de marginalizar (historicamente, é bom dizer) 80% da sua população semi-escrava, semi-morta.
Muitas destas discussões são pautadas por Orozco, que afirma que as questões identitárias são “conseqüências de mediações da mídia e da tecnologia”. Ele concorda com Barbero ao dizer que há um desmembramento das tradicionais identidades e que as novas práticas comunicativas contêm a “socialidade e a ritualidade”. O autor se preocupa com a questão latente da mediação e diz que os consumidores da tecnologia se multiplicam ao mesmo passo que as apropriações do “temporal-histórico e do “espacial-situacional.” Ele destaca ainda à incorporação audiovisual-informático à educação, fator que propicia a fabricação de consumidores-audiência mirim. Daí podemos resgatar Surplus, onde Gandini, na mescla irônica e eficaz de imagens e narração, traz a tona uma seqüência (a qual deixaria Oliviero Toscani bastante satisfeito) que traz as situações: “Young people have no future” e como os $400 bilhões de dólares anualmente gastos em nome da venda de produtos e lixo mediático fazem das grandes corporações (e seus spots de 30 segundos – “the most powerfull piece of comunication”) verdadeiras dominadores do mundo.
A tese ou síntese dos escritores Martin-Barbero e Orozco (que em muito se complementam) irão focar os des(territorialismo, enraizamento, temporalização, identificação) trazidos pela nova conjuntra tecnocêntrica.
Martín-Barbero, em Tecnicidades, Identidades, Alteridades: mudanças e opacidades da comunicação no novo século, como um bom herdeiro de análises (atualizadas) frankfurtianas, traz vários contrapontos da era da globalização que estão metaforizados no atentado de 11 de setembro e no Fórum Social mundial, ocorrido em Porto Alegre. A discussão circunda: 1- nas práticas comunicacionais, que de um lado são sufocadas pelo medo e pelo estupro maior das liberdades e direitos civis (desencadeados pelo fatídico 11/09) e por outro lado é proposta e discutida no Fórum, como “lugar de dupla perversão e oportunidade”; 2- em como a digitalização põe em questão as instituições tradicionais de ensino e a “hegemonia racional dos dualismos”; 3- na configuração das redes como novo espaço público e de cidadania. Todos esses três tópicos irão desembocar na revitalização das identidades e na revolução das tecnicidades, fatores que propiciarão respectivamente o questionamento generalizado sobre: os valores intrínsecos da identidade, agora desprotegida da Igreja, Estado e Escola; e da configuração dos novos consumos, novas produções, etc.
Trazendo novamente à tona Excesso, sua mensagem, embora extremamente válida, não se atenta às remodelações (que envolvem os âmbitos simbólicos, econômicos e (a)político) trazidas por Martín-Barbero. Digo isso porque não se pode negar(?) as contradições que rondam o termo e o viver glocal. O homem se desmembra, conhece, se expande, como também destrói em massa, morre de fome, ignora, se entope da fantasia real, é frívolo, além de marginalizar (historicamente, é bom dizer) 80% da sua população semi-escrava, semi-morta.
Muitas destas discussões são pautadas por Orozco, que afirma que as questões identitárias são “conseqüências de mediações da mídia e da tecnologia”. Ele concorda com Barbero ao dizer que há um desmembramento das tradicionais identidades e que as novas práticas comunicativas contêm a “socialidade e a ritualidade”. O autor se preocupa com a questão latente da mediação e diz que os consumidores da tecnologia se multiplicam ao mesmo passo que as apropriações do “temporal-histórico e do “espacial-situacional.” Ele destaca ainda à incorporação audiovisual-informático à educação, fator que propicia a fabricação de consumidores-audiência mirim. Daí podemos resgatar Surplus, onde Gandini, na mescla irônica e eficaz de imagens e narração, traz a tona uma seqüência (a qual deixaria Oliviero Toscani bastante satisfeito) que traz as situações: “Young people have no future” e como os $400 bilhões de dólares anualmente gastos em nome da venda de produtos e lixo mediático fazem das grandes corporações (e seus spots de 30 segundos – “the most powerfull piece of comunication”) verdadeiras dominadores do mundo.
Marcadores: comunicação, Consumo, Excesso, globalização, Martín-Barbero, Orozco, Surplus, tecnologia
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