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quarta-feira, maio 31, 2006
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sábado, maio 27, 2006
Falando, sentindo, pensando e sendo os “Portugueses”.
O português e suas variações regionais, étnicas, sociais e econômicas são retratados de maneira poética, simbólica e, até, semântica no filme: “Línguas, vidas em Português”, de Victor Lopes. Em aproximadamente uma hora e meia de filme, o público estará apto a deliciar-se com as várias línguas contidas em apenas uma, esta que recebeu o título de portuguesa. Ela é desprovida de donos e formato pré-estabelecido. Tem por si só uma dinâmica que a ornamenta e, propicia mais beleza e diversidade, inclusive nos erros.
A poesia do idioma está incutida na cultura de cada povo que, por pressões históricas, a “assimilou”, tornando-a oficial da localidade onde reside. Tambores “cantados” em português podem ser ouvidos ecoando pelos céus do Brasil, Angola, Moçambique, Goa, Guiné-Bissau, Timor Lestes... A metáfora e a metalingüística residem em todas as cenas, falas e aparições daqueles que expuseram minutos do seu cotidiano, inseridos em algum dos “portugueses”. É através destas figuras de linguagem que as diferenças são percebidas e enfatizadas, uma vez que podem ser presenciadas a “evolução” e a “involução” as quais a língua fora submetida, para se adaptar ao discurso habitual dos seus diversos usuários. Estruturas gramaticais, conteúdo e fluidez estão [e são] muito bem empregados no cotidiano dos letrados e acadêmicos (fato que não é novidade alguma, mas é explorado, implicitamente, no filme) o que, de acordo com o escritor português José Saramago significa: “quanto mais palavras conhecemos, maior torna-se a capacidade de nos, melhor, expressar”.
Sabendo-se que mais da metade das línguas do faladas no globo estão ameaças a extinguir-se, é felicitante saber que o português, a sexta língua materna mais popular no mundo, e a segunda língua latina, com seus 200 milhões de falantes distribuídos em diferentes países dos diversos continentes, possa sobreviver e seu uso perdure até data [in]determinada. O alerta, dado pelo filme ao idioma, se baseia no papel descaracterizante da globalização. A modificação do português [hodierno] começou com os estrangeirismos invadindo os dicionários. Agora é vista a desestruturação da gramática portuguesa pela apropriação das normas inglesas no discurso falado, pelo menos por enquanto.
Mesmo com a atual e acelerada quebra da rigidez das fronteiras, o português conseguiu manter certas unidades, o que identifica e aproxima as regiões que fazem uso desta língua. Classes sociais, cognição e etnias são os transformadores, quando não criadores, dos “portugueses” no mundo. O filme consegue comprovar que não existe um representante oficial da língua e as transgressões cometidas são fruto da apropriação de um idioma somada às idiossincrasias dos dialetos, que antes servia de sistema de comunicação para os ancestrais de determinados povos (esta fusão é tida como corriqueira na criação e dinamização das linguagens). A gramática é a base do português; a língua é e se faz por aqueles que a usam.
sexta-feira, maio 26, 2006
XI Encontro nacional sobre o ceticismo
Agradecimentos a:
Relatividade;
Wittgenstein;
Porchat;
Bolzani.
domingo, maio 14, 2006
Tag des Mutter
O asco me domina e vomito de volta cumprimentos que destroçam minhas crenças e calam minha inquietude.
* Tag des Mutter, significa Dia das mães em alemão. Quase um temperamento autista... Tudo, menos os outros.
Ciranda desatada
A melancolia era a trilha sonora amarga daqueles tantos instantes em que a perda, ou o sentimento de, dominavam meus mecanismos racionais. Fiz menção de me expressar de alguma forma. Um grito (o clichê da dor), talvez. Mas o que presenciava eram lágrimas frenéticas que percorriam um caminho inusitado, alcançando meus olhos e penetrando neles pesada e atabalhoadamente, me fazendo arder de maneira indescritível.
Os sentimentos confundem-se todos. A falta da direção era aparente, os planos crescentes e a busca incessante.
Um Eu que acreditava possuir começou a reformular significações de palavras, conceitos e passados. Ele sozinho, confuso e ambivalente passou a entender que a maturidade era pouco a pouco adicionada à estrutura do seu ser e comportamento. De qualquer forma, porém, entre ápices extremos de euforia e apatia, o tumulto e a dualidade coexistiam no seu interior.
Realizações, conquistas e experiências, muito bem premeditadas, trabalhadas e vividas foram as maiores provas de que sonhos (por mim, outrora, desacreditados) poderiam ser concretizados, de fato!
A fuga agora se concretizava na vontade quase e sempre urgente de conhecer algo, através do projeto dum e daquele púbere sonho que abria uma nova vertente de um ciclo cujo fim era incógnito.
O Eu percebeu que, pela primeira vez não estava perdido, mas continuava sozinho. E andava.
A partir de então entendeu o que faltava, certificando-se que de fato algo faltava, mas não apenas nele.
E repentinamente aquelas sorrateiras, porém subversivas, lágrimas voltaram a me rasgar, novamente, da cabeça aos pés.
13/04/2006
Chico e Chet for lovers.
Samba e Amor
Chico Buarque
Eu faço samba e amor até mais tarde
E tenho muito sono de manhã
Escuto a correria da cidade que arde
E apressa o dia de amanhã
De madrugada a gente inda se ama
E a fábrica começa a buzinar
O trânsito contorna a nossa cama - reclama
Do nosso eterno espreguiçar
No colo da benvinda companheira
No corpo do bendito violão
Eu faço samba e amor a noite inteira
Não tenho a quem prestar satisfação
Eu faço samba e amor até mais tarde
E tenho muito mais o que fazer
Escuto a correria da cidade - que alarde
Será que é tão difícil amanhecer?
Não sei se preguiçoso ou se covarde
Debaixo do meu cobertor de lã
Eu faço samba e amor até mais tarde
E tenho muito sono de manhã...
Let's Get Lost
Chet Baker
Let’s get lostLost in each other’s arms
Let’s get lost
Let them send out alarms
And though they’ll think us rather rude
Let’s tell the world we’re in that crazy mood.
Let’s defrost in a romantic mist
Let’s get crossed off everybody’s list
To celebrate this night we found each other
Hum,let’s get lost
Let’s defrost in a romantic mist
Let’s get crossed off everybody’s list
To celebrate this night we found each other
Hum, let’s get lost
Oh oh, let’s get lost
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Imagem de Annie Leibowitz
Lennon (my dear love!) e Yoko.
terça-feira, maio 09, 2006
Cebolas e inarticulação culta: uma noite.
365minutos de portas fechadas;
365 segundos para tomar uma decisão;
365dias para permanecer inerte.
Acabam-se, assim, os 365
e as cebolas, que não deram certo, pois nem me fizeram chorar e nem lhe fizeram sorrir.
quinta-feira, maio 04, 2006
...À vocês...
Eternal Sunshine Of The Spotless Mind
Mil e tantas vezes: o mesmo filme.
Mil e tantas vezes: uma infinidade de personalidades.
Clementine: Tangerine. Clemência, misericórida.
Linda
Sensível
Desorganizada
Volúvel
Insegura
Contagiante
Depressiva
"Carpe Diem"
100% movida a emoção
CAÓTICA
Ousada
Seeker
Curiosa
Locais inusitados.
PROFECIAS DO LINAER JOEL.
Inseguro
Terreno
Antiquado
Introvertido
Fecahdo
Conservador
'Culto'
Sensibilidade expressa na arte...
As lembranças encobridoras:
Would you forget me?
Playing Games
“Escrevam, em uma pauta, o que vocês entendem por NOTÍCIA!”
Assim, sem ninguém esperar.
Peguei o papel e caneta. Pensei uns segundos e então comecei:
“Notícia é um substantivo provindo do verbo ‘noticiar’, que de acordo com a minha concepção significa conjunto. Um conjunto diferente assumo. Observação, coleta, organização, escrita, narração, fatos, dados, loucuras, mentiras, omissões, números, estatísticas, alfas e betas em tamanhos, fontes e espessuras diferentes.
A notícia é um mundo composto por meio – mensagem – comunicador – emissor – receptor e canal. É a mensagem do meio e o meio da mensagem, pedindo a licença poética a McLuhan. É a reprodutibilidade técnica, oratória, fantasiosa, disseminada de maneira horizontal, vertical e oblíqua. É uma parte da imprensa, do jornal, do horóscopo, da conversa de bar, do canal de metereologia e, quem diria, é parte de uma self – conversation com o espelho, num processo infindável de auto-conhecimento.
A notícia é cíclica, vertiginosa. É capaz de produzir nas pessoas, que a consome, as mais diversas impressões: espanto, escárnio, raiva, indiferença, lágrimas e gargalhadas incontidas:
“Extra! Extra:
- Bush é reeleito;
- Garotinho está de regime;
- O mensalão resultou em ....?”
A notícia jornalística, em contrapartida, seria a Ciência aplicada. Dentro de peripécias, regras e formulações, ela consegue exprimir formalmente um mundo. Ela restringe seu universo em nome das normas e estabilidade (mesmo que para isso a verdade precise ser subjugada e os jornais, encharcados de sangue), por isso torna-se imprescindível nas sociedades automáticas e fundamentadas na razão. Ela tem a capacidade de encurtar distâncias e devaneios. É o subconjunto da palavra. É, por fim, um ciclo que nunca se fecha e nem acaba”.
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Foto de: Nico de Bruin - United Kingdon