Falando, sentindo, pensando e sendo os “Portugueses”.
O português e suas variações regionais, étnicas, sociais e econômicas são retratados de maneira poética, simbólica e, até, semântica no filme: “Línguas, vidas em Português”, de Victor Lopes. Em aproximadamente uma hora e meia de filme, o público estará apto a deliciar-se com as várias línguas contidas em apenas uma, esta que recebeu o título de portuguesa. Ela é desprovida de donos e formato pré-estabelecido. Tem por si só uma dinâmica que a ornamenta e, propicia mais beleza e diversidade, inclusive nos erros.
A poesia do idioma está incutida na cultura de cada povo que, por pressões históricas, a “assimilou”, tornando-a oficial da localidade onde reside. Tambores “cantados” em português podem ser ouvidos ecoando pelos céus do Brasil, Angola, Moçambique, Goa, Guiné-Bissau, Timor Lestes... A metáfora e a metalingüística residem em todas as cenas, falas e aparições daqueles que expuseram minutos do seu cotidiano, inseridos em algum dos “portugueses”. É através destas figuras de linguagem que as diferenças são percebidas e enfatizadas, uma vez que podem ser presenciadas a “evolução” e a “involução” as quais a língua fora submetida, para se adaptar ao discurso habitual dos seus diversos usuários. Estruturas gramaticais, conteúdo e fluidez estão [e são] muito bem empregados no cotidiano dos letrados e acadêmicos (fato que não é novidade alguma, mas é explorado, implicitamente, no filme) o que, de acordo com o escritor português José Saramago significa: “quanto mais palavras conhecemos, maior torna-se a capacidade de nos, melhor, expressar”.
Sabendo-se que mais da metade das línguas do faladas no globo estão ameaças a extinguir-se, é felicitante saber que o português, a sexta língua materna mais popular no mundo, e a segunda língua latina, com seus 200 milhões de falantes distribuídos em diferentes países dos diversos continentes, possa sobreviver e seu uso perdure até data [in]determinada. O alerta, dado pelo filme ao idioma, se baseia no papel descaracterizante da globalização. A modificação do português [hodierno] começou com os estrangeirismos invadindo os dicionários. Agora é vista a desestruturação da gramática portuguesa pela apropriação das normas inglesas no discurso falado, pelo menos por enquanto.
Mesmo com a atual e acelerada quebra da rigidez das fronteiras, o português conseguiu manter certas unidades, o que identifica e aproxima as regiões que fazem uso desta língua. Classes sociais, cognição e etnias são os transformadores, quando não criadores, dos “portugueses” no mundo. O filme consegue comprovar que não existe um representante oficial da língua e as transgressões cometidas são fruto da apropriação de um idioma somada às idiossincrasias dos dialetos, que antes servia de sistema de comunicação para os ancestrais de determinados povos (esta fusão é tida como corriqueira na criação e dinamização das linguagens). A gramática é a base do português; a língua é e se faz por aqueles que a usam.
Outubro de 2005
12 Comentários:
Pus no comentário do post anterior:
Para as pessoas que se interessam pelo tema do encontro [ceticismo], fiz alguns apontamentos durante as palestras.
Se assim quiserem, passarei a limpo e posto aqui no espaço.
P/ Brunna, a comentadora assídua do blog(um beijo, mon amis):
Sim, postarei os textos. Mas acho que estou começando a fugir um pouco do tema do meu filhinho (tô ficando pessoal demais nele!).
Tentartei, a partir de então, ser mais impessoal!
Beijos.
Não me pronunciarei mais a fundo sobre o texto desse post, tendo em vista que minha area não é a linguistica e se existem criticismos a fazer, são poucos. Esse filme é realmente muito interessante, sem dúvida é incrivel observar como uma determinada língua(mesmo eu sendo daqueles que defende que nem tudo é português, que o que estou escrevendo agora até seja, mas não o que falo cotidianamente) se adapta a realidade diversas, tão diversas que fica dificil imaginar uma unidade homogênea que ligue isso tudo, coisa que também não acredito, que aja unidade, mas que seja heterogênea, coisa que ao meu vê portugal ainda evita declarar, que não são filhinhos lindos, mas sim, todos filhos bastardos, que falam português, que usam um sobrenome pela necessidade, a linguagem se forma pela necessidade, afinal: é expressão. E acho que o filme é altamente valido e recomendando para nós como "lusofonos"(Êta nome feio...) possamos ver além das fronteiras coloniais que unem brasil e portugal. Provando também que as navegações já eram maquinas da globalização, e do mesmo modo que o inglês pode estar "descaracterizando" o português(o que não é verdade, linguisticamente falando, mas não sou linguista, nem o quero ^^) o português não descaracterizou, mas matou inumeras linguas e culturas em nome do império português, dom Sebastião e a Santissima Igreja(Ah! Eh isso que dá estar lendo Meu Querido Canibal... :P). Em resumo, na línguagem vale a máxima de Lavoisier: "Na se perde, nada se cria, tudo se transforma", por isso talvez ainda falemos latim e essa não seja um língua morta, só uma língua repatriada com o nome de Português, ou Brasileiro?
hahahahaha Falei demais... sorry. :P
Rammstein eh mto legal, eu n gostava, mas tem dias cinza de chuva que é essencial.
Não, eu n pude ir a todos os dias do Animapet, perdi Nosferatu!!! =~ Tava doente na quarta, e sexta tive compromisso a tarde. =/
Eu quase ia no troço de ceticismo, pq uma colega minha ia conseguir me arranjar preu entrar, mas preferi ver o Animapet.
Vc tá lá ha quase 1 ano e ainda n tem registro na biblioteca? Pelamorddeus! Em q mundo vc vive, isso é essencial... :P Pergunte ao pó só tem pra consulta, caso você vá lá pra pega-lo. Recomendo um livro: Belona, Latitude Noite. P-E-R-F-E-I-T-O!!! Tá, é de meu autor preferido, eu só li 2 livros dele, os dois perfeitos. Eu curto um Hype as vezes... :P Já te falei dele com certeza: Moacir Costa Lopes, penso até em tese de mestrado sobre ele! ahahah
Eh isso, Milly!
=*****
Oxi... N arrasei com nd. E que bom q ninguém agrada a todos, seria um saco, eu msmo sei o quão essencial é as pessoas me odiarem, ou eu simplesmente pensar que elas o fazem. =D
hahahaha John Lennon, falando nele, a foto com a Yoko q vc pos eh uma viagem... Eu n gosto da Yoko, n por causa da velha lenda de q ela acabou com os Beatles, eu acho ótimo os beatles terem acabado no auge, contribui para a lenda. Mas pq eu n vejo nada nela, acho ela um vazio desconstruntivo. Porém devo conhecer 1% dela, e não é valido então eu dizer isso dela. O msmo serve para clariCe. Mesmo assim se perguntarem direi: Não, eu não gosto. :D
Bju, moça!
eu to lendo pergunte ao pó..
mas em espanhol, Pregúntale al polvo.
haha.
olha, precisamos nos ver ainda.
=**
(nao comento o texto, pq tulio me entedia..)
Porra... apelou agora... Não sei nada de Wittgenstein para poder dizer algo sobre o q vc destacou dele. Posso mais tarde pedir pra minha orientadora me passar alguma coisa.
O que posso dizer eh q acredito que nossa língua falada é brasileiro, e não português. Quanto o que vc colocou do Witt,eh bem interessante a indagação dele, que àquela altura ainda não podia ser elucidada com mais clareza, talvez o behaviorismo de Bloomfield pudesse dizer algo, pouco. Não entendo muito dessa praia, mas quanto a tal indagação, creio que o gerativismo vai por essa vertente. Chomsky irá justamente buscar entender de como a mente processa a linguagem, para poder tentar entender como a mente funciona. Então ele irá falar sobre uma gramatica interna que todos nós teriamos, a qual possibilita a nossa capacidade de poder formar infinitas enunciações com um numero finito de palavras, e é através disso que ele irá responder a questão: "Ao final não posso ter todos os os modos de aplicação juntos na minha cabeça?" Em nossa mente já teriamos um sistema adequado para poder selecionar os componentes que deveriam ser usados na linguagem. Ou seja, nossa mente teria a capacidade de selecionar o constituintes das sentenças através dessa gramatica.
...
Mas eu não entendo bulhufas disso de verdade, então não posso ajudar com essa questão.
Quanto a rever seu texto. Não vi equivocos nele, sinceramente. Acho que você soube muito bem expressar seu ponto de vista quanto a essa questão, de uma maneira bem limpa, sem deixar se afetar por questões de acomodação, tipicas que a maioria de nós abordaria nesse texto. A única coisa que fiz, foi: a partir do seu ponto de vista, puxar alguns ganchos para expressar o meu ponto de vista, exercicio bem interessante até para eu compreender como meu encontro com o mundo de letras me influenciou nessa visão acerca da lingua com a qual me comunico todos os dias.
Desculpa se não respondi a sua réplica como deveria. Mas creio que até que não me saí tão mal. E adorei(ou melhor, tô adorando) essa troca de idéias.
Outra coisa: quanto a rever seu texto, se vc tivesse lido 1 segundo depois de tê-lo escrito, creio que ainda teria coisas para rever, os bons escritos sempre são incompletos, sempre parecem carecer de mais e mais de quem os lê e os escreve.
Para Nina: Eu sei que eu sou um chato, ainda mais por odiar ClariSSe...
Bjus, Milly!
Ahahaha! Não preciso comentar nada de Nina... ^^
Quanto a Bloomfield, ele foi um dos maiores expoentes do estruturalismo norte-americano e do behaviorismo. Através do behaviorismo, ele tentou demonstrar que a linguagem vem através de estimulo, que somos condicionados a ela através dos contatos que temos sobretudo na infância, disse naquela altura, pq o texto do Witt(n sou intimo mas blz) eh de 1932, se n me engano, e pelo que sei Chomsky só vai aparecer no final dos anos 50 e inicio dos 60, com aquela concepção que já falei.
Eu sabia que havia algo mais profundo aí, e mais distante até dessa questão pura e simples do uso da linguagem, dado o conceito minha dedução se comprova. Conheço pouco, ou quase nada do Eco. Creio inclusive que a discussão irá se voltar muito mais para a area da teoria literaria e sobre o emaranhado de textos que irão formar os discursos, isso dá é pano pra manga! Mas tb seria necessário saber em que contexto a obra do Witt se encontra, que linha de pensamento irá leva-lo a sua indagações e etc. isso influencia bastante.
=*
hahahaha
Vc ainda tá achando q meu texto foi uma critica ou criticismo do seu??? ^o) Espero q n.
Concordo com tudo que você disse, inclusive na critica(não considerei um criticismo) ao meu discurso.
O maniqueismo, termo que você quis colocar, e a questão da unidade eu mesmo que tratei de cunhar, pq, volto a dizer: meu texto não é critica ou criticismo do seu.
Eu quis simplesmente, serei repetitivo, expressar puxando como gancho seu texto meu ponto de vista sobre o assunto.
O discurso vai ser construido inclusive de acordo com o intuito. Por isso não tenho o menor pudor em poder negar tudo que disse anteriormente na linha seguinte, simplesmente porque as vezes, muitas inclusive, acho pertinente assumir um discurso que não seja 100% seu, simplesmente pela necessidade de defender uma parte que costuma não ser defendida, sem, é claro, perder um fio ideologico, se é que o tenha, devo ter. Daí, defendi(porque não?) o inglês, o qual, pobre coitado, é sempre o primeiro a receber pedrada hj em dia quando se fala em lingua nacional, e esquecemos que nossa língua é importada. Para não perder a validade da minha atribuição de lingua brasileira, direi então que importamos e durante os anos, geração após geração, fomos "tunando"(devo ter escrito errado, verbo novo ainda pouco usado por aqui, e "filho" do entrangeirismo anglo-saxão) para molda-la a nossa concepção. E o fato do inglês mudar ou "descaracterizar" o "nosso" português, é complicado. Já que, acho q já disse antes, o próprio português é fruto de uma "descaracterização", e aí eu iria falar diglossia, bidialetismo, substrato, superstrato, adstrato e bla,bla,bla(coisa de filologia). Mas se falamos da Microsoft e da linguagem desta, admito dizer que não caiu muito a ficha quanto a linguagem da microsoft, só me vem Visual Basic a cabeça, e não é isso.
Vc já assistiu o mundo de Jack e Rose? Vc falou em Microsoft, me veio coisas interessante a dizer, mas não serão validas, serão apenas palavras de advogado do diabo, se você tiver visto o filme eu te explico.
Eu acho q tinha que te mostrar uns textos que fiz, coisas que deveria por no meu blog, mas não ponho, já que acho que tendem a ser muito ingênuos, e odeio quando peco pela ingênuidade, mesmo sabendo que talvez exista isso em 99,9% de tudo que eu tenda a escrever.
Bju
a vaca frigida quer ressaltar que está com saudades.
=D
cansei de pertubar a discussao de vcs.
meu lado "guria-querendo-atençao" me deu tregua hoje..
=***
(ah, tudo que tem "clarice" no final é dela, o resto é meu. mas dá pra perceber, claro.)
me passa o site em que vc leu as poesias do vovô Bukowski pra mim de novo?
adorei!!!
vem pra cá!!!
o blog? lindo,como sempre!!!
=****
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