Cristo fora da cruz
Qual a sensação de ver Cristo sendo preso e erguido numa cruz?
A noite de sexta-feira (a última do mês, antes do carnaval), correspondente ao dia 17 de fevereiro, com sua lua decrescente e céu estrelado, foi palco, no Casarão Santa Luzia, da prática de “Body Experience”, total novidade em Salvador.
Deslocados dos becos e praias bêbadas, o público rock ganhou um espaço físico, que antes não lhe pertencia. O Casarão adotou, de maneira sucedida e incipiente, o estilo underground. Luzes baixas, stands com exibição de piercings e de tatoos, além das muitas pessoas em preto, modelos vivos e móveis de cortes inusitados, brincos, perfurações e desenhos diversos na pele, todos ‘estrategicamente’ localizados.
À espera da suspensão do garoto, tocava em alto e puro rock´n´roll a banda baiana Lou (cuja baixista fora a articuladora do movimento), ao mesmo tempo em que eu, deslocada do ambiente sonoro, mas na ânsia de vivenciar aquela nova experiência, não minha, porém por mim sentida, permanecia sentada nas almofadas, que estavam espalhadas na parede direta, do 3º piso do Santa Luzia. Olhando atenta e analiticamente o local, vi um Cristo, de tamanho quase real, cativo na sua cruz. O assunto veio então à tona: Cristo o primeiro homem, mundialmente conhecido, a praticar o body suspension? O humor negro povoava a conversa, ritual da espera.
Sangria sobe ao palco.
Guitarras distorcidas. A contagem regressiva.
Eis o neo-Cristo. Eis o auto-mutilador. Louco?!
Homem jovem, magro, estatura média, careca, trajando equipamentos de mergulho (pés de pato, snork e o óculos apropriado) e expondo um corpo ornado por tatuagens e piercings (inclusive aqueles responsáveis pelo Body Modification), quatro ganchos costurados em suas costas e muita.... coragem? Loucura? Falta de amor próprio? Não sei. Cabe a cada um julgar (ou não) o motivo que o impulsionou (e a tantos outros) a concretização de tal ato.
Ergui-me, tolerando o calor, mas não a curiosidade (própria e alheia). A água e o companheiro constituíam o meu conforto. A minha pressão baixou. Eu não conseguia suportar aquela idéia...
Finalmente o nadador freak alcançava seu alvo, enquanto eu sentia meu estômago às avessas. O público estava frenético. Gritavam sequiosos pela atração:
Pele esticada pelas cordas e peso. Homem suspenso. Sangue escorrido.
Não me apeteceu a visão do Cristo sangrando. Caído da cruz. Preso, não mais pelos pregos e filhos pecadores, mas pelos olhares, “pela necessidade de...”.
O choque foi grande, mas necessário.
A festa, um parto sucedido com êxito.
A noite de sexta-feira (a última do mês, antes do carnaval), correspondente ao dia 17 de fevereiro, com sua lua decrescente e céu estrelado, foi palco, no Casarão Santa Luzia, da prática de “Body Experience”, total novidade em Salvador.
Deslocados dos becos e praias bêbadas, o público rock ganhou um espaço físico, que antes não lhe pertencia. O Casarão adotou, de maneira sucedida e incipiente, o estilo underground. Luzes baixas, stands com exibição de piercings e de tatoos, além das muitas pessoas em preto, modelos vivos e móveis de cortes inusitados, brincos, perfurações e desenhos diversos na pele, todos ‘estrategicamente’ localizados.
À espera da suspensão do garoto, tocava em alto e puro rock´n´roll a banda baiana Lou (cuja baixista fora a articuladora do movimento), ao mesmo tempo em que eu, deslocada do ambiente sonoro, mas na ânsia de vivenciar aquela nova experiência, não minha, porém por mim sentida, permanecia sentada nas almofadas, que estavam espalhadas na parede direta, do 3º piso do Santa Luzia. Olhando atenta e analiticamente o local, vi um Cristo, de tamanho quase real, cativo na sua cruz. O assunto veio então à tona: Cristo o primeiro homem, mundialmente conhecido, a praticar o body suspension? O humor negro povoava a conversa, ritual da espera.
Sangria sobe ao palco.
Guitarras distorcidas. A contagem regressiva.
Eis o neo-Cristo. Eis o auto-mutilador. Louco?!
Homem jovem, magro, estatura média, careca, trajando equipamentos de mergulho (pés de pato, snork e o óculos apropriado) e expondo um corpo ornado por tatuagens e piercings (inclusive aqueles responsáveis pelo Body Modification), quatro ganchos costurados em suas costas e muita.... coragem? Loucura? Falta de amor próprio? Não sei. Cabe a cada um julgar (ou não) o motivo que o impulsionou (e a tantos outros) a concretização de tal ato.
Ergui-me, tolerando o calor, mas não a curiosidade (própria e alheia). A água e o companheiro constituíam o meu conforto. A minha pressão baixou. Eu não conseguia suportar aquela idéia...
Finalmente o nadador freak alcançava seu alvo, enquanto eu sentia meu estômago às avessas. O público estava frenético. Gritavam sequiosos pela atração:
Pele esticada pelas cordas e peso. Homem suspenso. Sangue escorrido.
Não me apeteceu a visão do Cristo sangrando. Caído da cruz. Preso, não mais pelos pregos e filhos pecadores, mas pelos olhares, “pela necessidade de...”.
O choque foi grande, mas necessário.
A festa, um parto sucedido com êxito.
Crucifix Suspension
Superman Suspension
As fotos acima foram retiradas do site: http://www.imperialbodyart.com/sus.html.
Nele podem ser encontradas outras fotos e práticas (a exemplo do Body Pull e Branding), mas, infelizmente, os conceitos não não fazem parte dele, que é apenas "um exibicionista", pois muitas vezes " uma imagem vale mais que muitas palavras" (pelo menos é o que dizem por ai...).
Emilly Dias