quinta-feira, novembro 13, 2008

Fragmentos do eu.

Salvador 28 de outubro de 2008.

Infracto em sentidos e suas limitações, questões, extensões e dualidades, o homem é representado no espetáculo de dança contemporânea, assinado e dirigido por Ivani Santana. O sujeito – Eu, o indivíduo.
Com emprego de técnicas que pressupõem a mixagem do audiovisual, ironia, trabalho corporal, cenário inacreditável, práticas de interação e labirintos (sejam eles temáticos ou espaciais), a montagem desafia o espectador, instiga-o a romper os padrões de receptor passivo – platéia; explora a escatologia do mundo em que todos estamos inseridos, além de discutir, sobretudo, o papel social deste homem perdido nas classificações modernas, pós-modernas.
As possibilidades são muitas. As extensões alongam as percepções presas aos bancos de madeira delimitados por linhas brancas. As projeções são o nosso espelho e deformação.
1,2,3,4... Tempo, espaço, velocidade, castrações. Risos apontam a ironia ou a histérica (i) razão do ser, e disputam com o silêncio o limiar deste reconhecimento. Os olhos, arregalados captam as limitações e encaram os ouvintes: “me desafie, se desafie”.
O corpo paira nas reentrâncias do MAM subterrâneo, com passos em arritmia e balanço, exaltados pelos músculos nervosos, respiração controlada, dançante.
O Minotauro é a representação das nossas conturbações mentais e nós somos o Teseu: único guia que alcançará a saída deste labiríntico mundo da psique – eliminando ou domando esta besta, desenfreada.
As interações do corpo, sentido, áudio, ritmo, sonoplastia, visual e cenário fazem de “Eu” uma experiência estética desafiante e um banquete para nossas aspirações edipianas, autodesafiadora, descontente e complexa.


Por Emilly Dias



Apresentado no Festival Internacional de Artes Cênicas (FIAC):

http://www.fiacbahia.com/index.php?option=com_content&view=article&id=89&Itemid=85

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2 Comentários:

Blogger Hugo Leonardo disse...

Emmilita!
Como te havia dito, suas palavras são ressonantes com idéias e propósitos que estavam na criação e execução que colocamos em cena.
E é interessante para nós ver que isto chegou (e aforma que chegou) aos teus olhos. Além disso, teu texto traz também o acréscimo rico da tua experiência, a parte que você, como público, cria. Outro ponto que é bem valioso para na forma que trabalhamos.
Bjo.

1:52 PM  
Blogger Emilly disse...

valeu Huguito!!

A minha sensibilidade foi tocada por vocês, parabéns pelo espetáculo!

;)

8:00 AM  

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